O Grupo B de Rally



O Grupo B foi uma categoria de Rally criada em 1982 para substituir outras categorias existentes até então. Durante quatro anos, o Campeonato Mundial de Rally teve sua época de ouro, com os automóveis mais poderosos já criados para essa competição. Com pouquíssimas restrições na cilindrada, peso e uma quantidade de produção em série de no mínimo 200 unidades, ultrapassavam facilmente os 500cv de potência em carros que raramente chegavam a uma tonelada de peso.

O desempenho desses carros era fantástico: o Lancia Delta S4, por exemplo, acelerava de 0 a 100 km/h em apenas 2,4 segundos medido sobre terra! Na temporada de 1986, o mesmo S4 cobriu uma volta do circuito português de Estoril em 1min18s1 - como comparação, Ayrton Senna fez a pole-position no mesmo circuito, no GP de Fórmula 1 daquele ano, em 1min16s7. E o Lancia Delta S4 levava um co-piloto...

Diversas marcas européias se interessaram. A Lancia desenvolveu o 037 e o Delta S4, a Peugeot fez o 205 T16, a Audi correu com o cupê Quattro Sport, a MG com o Metro 6R4, a Renault com o R5 Turbo e a Ford com o RS 200. A Ferrari chegou a desenvolver o 288 GTO, mas ele nunca competiu, assim como o Porsche 959.

Em 1982 a Audi vence o campeonato com o Quattro, o único até então com tração integral, que ainda não era considerado confiável pelas outras fabricantes. Em 1983, a Lancia vence com o 034, de tração traseira. No ano seguinte a Audi dá o troco com a versão Sport do Quattro, mais curto e com 500cv e se torna novamente campeã.

As vitórias do novato Peugeot 205 T16 em 1985 aquece ainda mais a disputa pelo campeonato, com grandes evoluções nos veículos: a Audi desenvolveu um versão ainda mais nervosa do Quattro Sport, a S1, que com 600cv é o carro de rally mais potente da história. E ainda houve um protótipo de 1000cv que os pilotos consideraram "indirigível". Também em 1985 a Lancia estreava o poderoso S4.

Os acidentes - com carros tão agressivos em terrenos perigosos e um público insano, o Grupo B não durou muito tempo. Foram ao menos quatro acidentes graves. Em 1986, três espectadores morreram e dezenas ficaram feridos quando Joaquim Santos perdeu o controle de seu Ford RS200 e se chocou contra a multidão que ficava aglomerada na beira da pista. Ainda neste ano, o então líder do campeonato, Henri Toivonen e seu co-piloto Sergio Cresto perderam a vida após o S4 que dirigia capotar violentamente e se incendiar depois. Após esse acidente a Audi e a Ford abandoram o campeonato. A tragédia tirou o empenho da Lancia, que acabou perdendo o campeonato para a Peugeuot com uma versão evoluída do 205 T16.

A FIA decidiu acabar com o Grupo B em 1987, criando novo regulamento que não permitiria mais o uso de veículos tão leves e potentes.




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